Desbravando o IBM System/370: Uma Jornada pelos Mainframes e Sua Evolução Tecnológica

Por José Carlos Palma*

Na década de 70, os profissionais área de informática tiveram a privilegiada oportunidade de explorar o universo do IBM System/370, que se consagrava como o principal sistema da época, sucedendo o revolucionário System/360. No meio dessa transição tecnológica, a linha 303x despontou com uma versão multiprocessadora em 1978, abrindo caminho para sistemas de dois núcleos e possivelmente marcando a inauguração dos sistemas multiprocessadores. No entanto, esse avanço não vinha a baixo custo, requerendo contratos de 48 meses com despesas mensais de $154.130 para 8MB ou $182.130 para 16MB. A opção de compra direta estava disponível por $7.160.000 ou $8.050.000, abrangendo CPU, RAM, consolas e infraestrutura completa.

Em contraste com as capacidades de memória atuais, que tornam insignificante os 16MB de RAM, relatos de veteranos indicam que sistemas com uma única CPU e 8MB de RAM conseguiam suportar centenas de utilizadores em simultâneo, realizando tarefas diversas. Esse feito extraordinário era possível devido à natureza fundamentalmente distinta dos mainframes em comparação com sistemas Unix ou Windows.

Os fundamentos dos mainframes remontam a uma era anterior aos sistemas operativos, abraçando desde elementos mecânicos até a virtualização. A IBM, com seus pioneiros trajando fatos azuis nos anos 60, desempenhou um papel crucial na evolução desses sistemas. Originalmente, os mainframes utilizavam RAM não volátil, permitindo que os sistemas fossem desligados e religados exatamente de onde pararam. O ambiente mainframe era orientado a lotes, com uma abordagem centrada em registos e conjuntos de dados em detrimento de arquivos.

Os mainframes modernos apresentam avanços extraordinários, ostentando gigabytes/terabytes de memória, armazenamento SSD/NVMe, suporte TCP/IP e virtualização desde os anos 70. Em 2008, a IBM introduziu o Linux no mainframe, expandindo ainda mais suas capacidades.

O emulador Hercules possibilita reviver sistemas operacionais mainframe antigos, como o MVS 3.8j de 1981, em hardware moderno. Tutoriais, incluindo aqueles disponíveis no YouTube, simplificam a configuração e operação de mainframes, tornando essa experiência mais acessível. O “ecossistema” mainframe oferece linguagens de programação específicas da época, como COBOL, FORTRAN, entre outras, e um conjunto de ferramentas singular.

Embora os mainframes ainda sejam considerados investimentos substanciais, a evolução tecnológica os transformou de ocupantes de andares inteiros para dispositivos do tamanho de um frigorífico. A capacidade de emulação em hardware moderno proporciona uma fascinante viagem ao passado da computação, evidenciando a demanda atual por profissionais especializados em z/OS e abrindo portas para oportunidades de certificação nesse campo dinâmico e desafiador. Este artigo é uma exploração profunda e detalhada dos marcos e transformações que moldaram os mainframes ao longo das décadas, delineando o seu papel contínuo na paisagem tecnológica.


  • Consultor de TI – Desenvolvedor – Engenheiro de Rede – Telecomunicações – Designer Web – Marketing Digital – Historiador – Analista de Relações Internacionais – Analista Militar
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