Por SCARLETT WRENCH e DR. NICK THAYER *

O nosso sistema de saúde está doente. Você já leu as notícias – funcionários no limite, tempos de espera impiedosos, pacientes languidencendo nos corredores. Os problemas que ele enfrenta são profundos e complicados, embora a esperança não esteja perdida. Se as soluções residem em financiamento mais inteligente, inovação tecnológica ou até mesmo em nossas próprias ações, existem mentes brilhantes trabalhando para encontrá-las. Para esta série, a MensHealth reuniu uma equipa de pensadores líderes de campo para compartilhar suas estratégias.

Qual papel as farmácias locais poderiam – e deveriam – desempenhar no nosso sistema de saúde?

Geralmente, as pessoas ficam surpresas com a amplitude das atividades das farmácias comunitárias. Desempenhamos um papel importante na vacinação e oferecemos uma variedade de serviços em saúde sexual e tratamento de condições menores. E, é claro, em relação ao uso seguro de medicamentos.

Atualmente, há um impulso para ampliar isso. Vimos alguns serviços recentemente comissionados, como triagem de hipertensão. Há muita discussão sobre um serviço chamado ‘Farmácia Primeiro’.

Estamos falando aqui da Inglaterra. No País de Gales e na Escócia, já existe uma versão do Farmácia Primeiro. Isso reconhece que há uma grande proporção de pessoas que têm um problema menor que precisa ser examinado por um profissional de saúde, mas que não necessariamente requer um médico. Não é algo complicado, mas se não for tratado, pode piorar.

O NHS estima que, em Inglaterra, existam 20 milhões de consultas médicas por ano que poderiam ser tratadas numa farmácia comunitária. Isso é um número expressivo! Vinte milhões de consultas poderiam ser transferidas agora mesmo, sem a necessidade de treino adicional.

Quais são os obstáculos para que isso aconteça?

Muitas clínicas de médicos de família já podem encaminhá-lo para uma farmácia. O problema é que isso não ajuda – porque você precisa ir ao médico primeiro para ser encaminhado. É um pesadelo burocrático. Se os pacientes souberem quando podem ser atendidos por uma farmácia e quando precisam ver um médico, eles podem ir diretamente.

O outro problema que temos é que as farmácias comunitárias precisam ser remuneradas pelo trabalho que estão fazendo. Isso é verdade para todo o sistema de saúde, mas no momento não há financiamento suficiente para nós. Na verdade, queremos ser mais ambiciosos do que 20 milhões de consultas; acreditamos que existem 30 milhões de pessoas a cada ano que poderiam ir à sua farmácia comunitária e ter uma consulta particular com um farmacêutico.

‘Há 20 milhões de consultas médicas na Inglaterra a cada ano que poderiam ser tratadas numa farmácia’

Existem certos mecanismos, chamados Direções de Grupos de Pacientes (PGDs), que permitem que os farmacêuticos forneçam e administrem medicamentos selecionados sem receita médica. Isso é uma solução imediata. Cerca de 5% das farmácias comunitárias já são prescritoras. E a partir de 2026, todo farmacêutico formado será um prescritor independente. Portanto, esses 10 milhões adicionais se tornam facilmente alcançáveis. O problema é que, se o NHS deseja que ofereçamos essas consultas, ele precisa financiá-las. E é isso que precisamos que o Farmácia Primeiro faça.

A maior parte do NHS está lutando, está sobrecarregada. As farmácias estão dizendo: ‘Gostaríamos de ter mais trabalho. Envie mais pacientes para nós. Tudo o que você precisa fazer é nos dar o dinheiro para isso’. Mas, devido à escassez de financiamento ao longo de todos esses anos, estamos vendo a deterioração ativa da rede de farmácias. Apenas contabilizando a inflação, cada farmácia individual na Inglaterra está com financiamento insuficiente em £ 67.000 por ano – isso é mais de £ 750 milhões no total. Desde 2015, houve 720 encerramentos e 41% deles ocorreram nas comunidades mais carentes. E a tendência está acelerando.

As farmácias comunitárias oferecem algum benefício intrínseco em comparação com o consultório de um médico?

Muitos pacientes têm mais disposição para ir às farmácias comunitárias, porque não é um ambiente tão clínico. Pode ser parte das suas compras. Isso se relaciona com um ponto maior sobre acessibilidade. Quase 90% da população está a uma caminhada de 20 minutos de uma farmácia. E elas têm horários mais flexíveis. Portanto, se você trabalha por turnos ou horas longas, pode ir á farmácia num horário que funcione para você. Você não precisa registrar-se em numa farmácia também. Essa flexibilidade é realmente importante.

Fonte: menshealth.com/uk