Por Redação com Agências
A Europa deve estar preparada para a possível retirada dos Estados Unidos da NATO, alertam diplomatas estrangeiros ao The Telegraph.
Representantes de países membros da NATO afirmaram que as capitais europeias precisam realizar um planeamento e reavaliar as atuais capacidades de defesa diante das ameaças feitas pelo ex-presidente Donald Trump.
Na semana passada, a confirmação quase certa de Trump como o candidato republicano para as eleições presidenciais de novembro gerou preocupações na Europa quanto ao apoio dos EUA à Ucrânia e ao compromisso do país com a NATO.
Trump já expressou anteriormente sua disposição de “encorajar” a Rússia a atacar membros da NATO que não cumprissem com seus compromissos financeiros, e seu ex-conselheiro de segurança nacional, John Bolton, previu uma possível tentativa de retirada da aliança em caso de reeleição.
No mês passado, o The Telegraph revelou que o governo do Reino Unido não possui um plano de contingência para esse cenário, mas outras capitais europeias estão percebendo a necessidade de se preparar para essa eventualidade.
Um diplomata europeu destacou que os comentários de Trump são, evidentemente, uma “preocupação”. “Ninguém sabe ao certo qual será sua próxima ação”, afirmou. O diplomata ressaltou a importância de os países da NATO realizarem o planeamento para um cenário em que o compromisso dos EUA com a aliança seja enfraquecido, acrescentando que as preparações precisam ser implementadas.
Porém, o diplomata observou que o número de países que atendem à meta da NATO de gastar 2% do PIB em defesa aumentou significativamente, o que permite aos membros argumentar que estão cumprindo as demandas de Trump.
Outro diplomata de um país da NATO ressaltou que os comentários de Trump evidenciaram a dependência excessiva dos EUA. Ele argumentou que é necessária uma “discussão” sobre como se proteger contra o risco de uma possível retirada dos EUA e que países como o Reino Unido precisarão fornecer uma liderança ainda maior na segurança europeia para preencher a possível lacuna.
Um terceiro diplomata mencionou que a incerteza em relação aos EUA levará os países europeus a refletirem sobre o planeamento de defesa em suas capitais. Enfatizou a importância de avaliar se esse planejamento é adequado ou se precisa ser ajustado.
No Reino Unido, ministros insistem que a NATO se fortaleceu nos últimos anos, citando a adesão da Finlândia em abril de 2023 e da Suécia na semana passada. No entanto, figuras como Lord Darroch, ex-embaixador do Reino Unido nos EUA, argumentam que o governo deve estar preparado para todas as eventualidades caso Trump seja reeleito. Em artigo recente para a Prospect, Lord Darroch enfatizou a importância de realizar planeamento de contingência para o cenário de uma NATO sem os Estados Unidos.