Anie Akpe: Para conectar áreas tecnológicas distintas, Brasil, Moçambique e Angola mostram que a língua portuguesa é um grande elemento unificador

À medida que a África e a América Latina estabelecem laços mais estreitos entre suas actividades tecnológicas, desafios, oportunidades e preconceitos semelhantes surgem.

Anie Akpe é a fundadora da African Women In Tech (AWIT), uma organização sediada na África que auxilia meninas e mulheres por meio de educação e mentoria no setor de tecnologia. Ela também é empreendedora, com mais de 25 anos de experiência na indústria bancária, imobiliária, financeira e tecnológica.

Esta entrevista, realizada na Web Summit Rio de Janeiro 2023, no Brasil, foi editada para maior clareza e brevidade.

Quais semelhanças e diferenças você vê entre as cenas tecnológicas da África e da América Latina?

Eu vejo algumas semelhanças claras entre ambas as sociedades. Por exemplo, em termos de classismo, há relações tensas entre os ricos e os pobres e desfavorecidos – é o mesmo cenário em ambos os lugares. Como isso se relaciona com a tecnologia e seu avanço é importante.

Por outro lado, existem diferenças na infraestrutura, que são mais amplas dentro das regiões. No Brasil, é possível observar que a infraestrutura é melhor do que em muitos lugares do mundo; fica claro que o governo reinveste nisso. Isso também é semelhante no Quênia ou Gana, onde há uma infraestrutura estabelecida. No entanto, não posso dizer que isso se aplica a todos os países africanos.

Você acredita que há lições que ambas as regiões podem aprender uma com a outra?

Durante as sessões de mentoria com mulheres no Brasil, me deparei com as mesmas questões que encontro quando converso com mulheres que estão tentando ingressar na cena tecnológica na África. Elas me fazem perguntas sobre vendas, marketing, educação, por exemplo. Portanto, essas questões são globais por natureza. No entanto, acredito que resolver esses problemas pode ter um impacto ainda maior em lugares como América Latina e África, onde superar essas questões pode dar a elas acesso a recursos e oportunidades totalmente novos.

Que tipos de conexões você espera estabelecer entre essas regiões?

Tivemos um evento em Moçambique e havia muito poucas pessoas que falavam inglês. Então, fizemos o evento em português, mas avisamos que o inglês era a língua dos investidores internacionais. No entanto, quando você está apenas estabelecendo uma atividade tecnológica, essa é a ponte que você precisa atravessar posteriormente. Portanto, é útil que possamos estabelecer um objetivo para que as mulheres africanas na tecnologia em Moçambique, Angola e Cabo Verde tenham contato com o Brasil e também com Lisboa – essa ponte é muito mais fácil de atravessar porque são cenas tecnológicas diferentes, mas têm o mesmo idioma, o português, e é muito mais fácil para elas interagirem.

Source: restofworld.org

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