O Conselho Nacional do PSD esteve reunido em Aveiro para decidir a data das eleições diretas e do congresso

Rui Rio queria o adiamento do processo eleitoral para depois das legislativas, depois admitiu antecipar tudo para resolver a questão mais depressa, e ainda tirou um trunfo da manga: queria abrir a porta da votação a todos os militantes ativos, mesmo que não tivessem quotas pagas. Propostas foram a votos e, mais uma vez, foi a de Paulo Rangel que ganhou: eleições vão ser a 27 de novembro, só votam os militantes com quotas pagas, e o congresso será a 17, 18 e 19 de dezembro.

Rui Rio chegou ao Conselho Nacional marcado pelos apoiantes de Paulo Rangel apostado a condicionar o jogo e a virar o tabuleiro ao contrário. Se andava há semanas a defender que o PSD não podia fazer eleições internas ao mesmo tempo em que decorria a campanha para as legislativas, nos últimos dias acabou por dar uma cambalhota em cima do mesmo argumento: em vez de adiar tudo, então podia-se antecipar o mais possível.

Mas na manga tinha um trunfo ainda escondido, que só mostrou quando chegou a Aveiro para a batalha das datas que duraria nada menos do que 8 longas horas. Além de pedir a antecipação das eleições internas para 20 de novembro, Rio queria também que se abrissem os cadernos eleitorais a todos os militantes com pelo menos uma quota paga nos últimos dois anos (o universo de votantes subiria de cerca de 20 mil para 80 mil). O argumento era o de que situações excecionais exigem medidas excecionais e, havendo antecipação dos prazos, os militantes que ainda não pagaram as quotas iriam ficar sem tempo para o fazer. Logo, devia abrir-se essa exceção.

A carta sacada da cartola baralhou os apoiantes de Paulo Rangel, que seguem em vantagem no controlo do aparelho partidário. Por essa altura, Paulo Rangel subia ao palanque do Centro de Congressos de Aveiro, que decorreu à porta fechada, para dizer que estava disposto a fazer um “esforço de consenso” em torno das datas. Em vez de diretas a 4 de dezembro, aceitava antecipar para 27 de novembro (não 20, porque é preciso respeitar os prazos do pagamento de quotas), e aceitava antecipar a data do congresso também. As duas partes reuniram-se para conversar. Resultado? Paulo Rangel até tinha abertura para chegar a um acordo, mas foram os seus apoiantes (ligados às estruturas distritais) que disseram que não: abertura dos cadernos eleitorais não.

Sem acordo, as propostas foram a votos. A de Rio, a de Rangel e ainda a de Alberto João Jardim, que espelhava a vontade inicial de Rio (de adiar tudo). Todas foram chumbadas à exceção da de Paulo Rangel, que passou com 76 votos a favor, 28 contra e 18 abstenções. Rangel ganhava mais uma vez a batalha dos votos no Conselho Nacional.

E o que fica daqui? Em termos de calendário eleitoral, fica quase tudo na mesma: em vez de o PSD disputar eleições a 4 de dezembro, ganha uma semana e disputa a 27. O que muda são os argumentos de combate eleitoral: Rui Rio saiu do Conselho Nacional a dizer que quem o acusava de ter medo de ir a votos é que teve medo de abrir o voto a todos os militantes. E Rangel respondeu com mais uma cambalhota de Rio, que há 30 anos defendia o pagamento de quotas, e agora, “como por milagre”, defendeu o contrário. “Quem o viu e quem o vê”, diria Luís Filipe Menezes ao início da tarde.

Fonte: com agências

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